terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Mudança



O hábito por muitas vezes nos leva a não olhar ao entorno, a não experimentar aquilo que a partida até nem conhecemos. Parece-me mesmo que o constante lidar com as diferenças, as adversidades e outras incongruências nos faz crescer e identificar-se cada vez mais, seja na mudança (inovando-se) seja na persistência (ratificando as características pessoais). Engraçado é que isso nos remete a um princípio teórico da Psicologia existente nos processos grupais, onde a presença do desviante promove a ênfase da identidade de uma determinada população, já que o diferente passa a ser exemplo a não se seguir. Quantas são as regras sociais parâmetro do comportamento humano qual o próprio homem não se dá conta no seu agir diário? É preciso então que o estranho lhe apareça para que o próprio perceba a existência daquele parâmetro do comportamento (Sollomom) antes camuflado pelo hábito.
O que tanto distancia pensar isso como um processo social ou individual? Imagina então que, no grupo, o antes “desvio” passa a ser normal, e que pessoalmente o estranho passa a inovar suas características, servindo agora como parâmetro. Ou imagina que o desviante é assim identificado permanentemente por uma população e que um sujeito discorda sempre de algo que lhe é incongruente. Vê-se então que a dinâmica dessa maioria está para a cultura tal como para as características da personalidade, ou melhor, esses se imbricam, modificando ou não essas duas instâncias.

Em uma nova morada, e já um tanto acostumado ao contexto europeu, assistir um filme que trata da guerra civil brasileira me faz pensar na representação que têm os portugueses frente às múltiplas imagens atraentes que, ao lado da triste cena de uma Tropa de Elite, passam por cá: um Brasil de um “Porto Seguro” praticamente primitivo. É divulgação dos extremos, que divide as pessoas entre os adoradores e os que querem distância. Apesar de tudo, muita coisa da cultura brasileira é passada nessa terra que, para grande parte dos brasileiros, acaba-se por ser só de Cabral. São as novelas, a música, a língua (com ênfase ao sotaque por alguns prestigiado), a culinária, enfim sem contar a grande quantidade de brasileiros que aqui vivem.

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