terça-feira, 13 de novembro de 2007

Chega o Tempo


Um ponto intocado,

Um assunto até então guardado,
A Vontade esperando seu amigo,
E o Momento avisando que em breve chegaria,
Mas a Idéia acordou o Momento,
Mesmo, ha tempo, atento à Vontade,
De que aquela a si viria.

A vontade de ajudar os outros é tão grande quanto o benefício/aprendizado próprio. Essa é a lição que tem se repetido nos diferentes contextos, desde os brasileiros. A um mês observando as dinâmicas desenvolvidas em um Centro Social de uma das freguesias portenhas, surge uma idéia ao ver o interesse de alguns jovens por algumas perucas.
A essas últimas podemos associar também as máscaras, fantasias, enfeites e demais adereços que são instrumentos a muito utilizados pelo teatro. Através deles, atores - veteranos ou iniciantes - podem extravasar sua criatividade, seja no inventar de um personagem e sua história ou no desenvolvimento técnico teatral para caracterização do mesmo.
Há ainda uma faculdade projetiva da competência psicanalítica que contribui neste embasamento teórico, porém especificar-se-á aqui o que Vigotsky, em “La imaginación y el arte en la infância” (Madrid, 2003), chama de atividade reprodutora e criadora, definindo que na atividade humana existem, em diferentes níveis, a reprodução de algo já passado ou criação através da memória e/ou imaginação.
Esta última, longe do que se convém no senso comum (de ser algo irreal), é a via de acesso para tornar ativo o que presente está no imaginário, seja reproduzindo algo já passado, seja criando algo novo.
Mais especificamente, a imagem é uma forma que o objeto tem de se apresentar na consciência. Imaginar o objeto é diferente de imaginar a imagem (figura, filme) que esta produz. Quando se imagina algo, a atenção é voltada ao objeto que, na relação, pode produzir múltiplas imagens.
Essas múltiplas imagens formam a representação, ato de conhecimento que consiste na reativação (re-apresentação) de uma lembrança ou imagem e que, no sujeito, são constituídas pelas imagens dos objetos e fenômenos resultantes das experiências anteriores. Então, no processo de percepção e como o próprio nome aponta, o objeto se impõe em sua objetividade; na representação, nem ele, nem a imagem se apresentam, ambos são encontrados dessa vez no subjetivo. As imagens são conteúdos representativos implícitos de alguns elementos sensoriais do objeto, guardam aspectos figurativos da realidade, porém resvalam em subjetividade (Paim, 1912).
Dessa forma, o objeto é carregado pelo indivíduo por imagens e é essa impressão que lhe dá um discurso, uma idéia de imagem e essa do objeto. Isso porque toda imagem está penetrada de saber, memória, afetividade e criatividade. Para essa contribuição teórica, o que vêm a produzir o sentimento no indivíduo é a concepção resultante da reciprocidade imagem/discurso. Conteúdo esse refletido na prática das criações teatrais e objetivo da vontade/idéia a semanas guardada, prática jás tornada e de “Projeto CriAr-te” denominada: criando a arte e extravasando sentimentos, transbordando subjetividade.
Um fato simples, mas que não poderia deixar passar, é que as leituras em espanhol (algumas delas já estimuladas em território Alagoano) têm contribuído veementemente para os estudos no Porto. Apesar de ter cá muitos escritores, os temas de interesse pessoal têm sido encontrados em geral na literatura espanhola ou ainda em suas traduções, uma língua que soa muito emocionante.

Como se não bastasse para relembrar uma semana, surge numa visita inesperada uma amiga de uma relação conturbada, de meses em que as providências invadiam nossos sonos e sonhos, uma estudante em intercâmbio.
Vindo de Lisboa, chega ao Porto e nas primeiras conversas já delata diferenças regionais: olhos sociológicos de uma bióloga em graduação numa conversa infindável, entre desabafos e reflexões a cerca do aqui e agora, na troca de experiência que conduziu os assuntos da comicidade existente no encontro com a alteridade aos sentidos do progresso científico.
Atento para o fato de que o desenvolvimento científico se dá a partir de novas descobertas, que acabam, por um lado, a criar novas necessidades promotoras do maior desenvolvimento humano em suas faculdades, mas por outro, especificamente quando a ciência vive em função da criação de novas necessidades - ou seja, quando as têm como princípio - escraviza populações, no estabelecimento de um novo padrão: de educação, saúde, bem estar.
Enfim, quando ligam-se à isso noções de desenvolvimento, pensamos: desenvolver o que, para que, como e para onde? Debate já trabalhado por Bader no Brasil e que não será aprofundado aqui.

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